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sábado, 7 de março de 2015

Mulheres com vez e voz na política

A presidente da CLDF fala da sua trajetória política e como se espelhou em sua mãe

A trajetória da atual presidente da Câmara Legislativa do DF,  Celina Leão Hizim não ultrapassa uma década, mas já traz bons frutos na política local. Natural de Goiânia (GO), 38 anos, é casada e mãe de dois filhos. É formada em administração de empresas. Iniciou a vida pública em 2000, no Procon-DF. Envolvida na elaboração de políticas públicas para a juventude, Celina fundou a ONG Juventude Organizada pela Integração e Ação (Joia), exercendo grande influência com sua militância pela criação da Secretaria Nacional da Juventude.
Em 2006 assumiu a Secretaria da Juventude do DF e em 2010 foi eleita deputada distrital. 



Em 2014 foi reeleita deputada distrital pelo PDT. Celina é também vice-presidente da Promotoria da Mulher na CLDF, que deve ser inaugurada esta semana. Em sua atuação legislativa, Celina Leão apresentou mais de 800 proposições, cerca de 200 representações, pediu o impeachment e a prisão do governador Agnelo Queiroz (PT), além de sete pedidos de CPIs, consolidando-se como uma das parlamentares mais atuantes do DF.



Como se sente sendo a segunda mulher a presidir a CLDF num momento em que duas  mulheres (Celina Leão e Liliane Roriz) estão à frente da Casa?



É um momento importante para mim. Sou filha de uma mulher que lutou muito para que as mulheres tivessem vez e voz na política. A emancipação política da mulher no Brasil é muito nova. As mulheres ainda têm uma participação tímida na política. Mas minha mãe contribuiu para que isso  acontecesse. Me lembro que várias vezes promovemos reuniões em casa sobre esse tema. Abrigávamos mulheres vítimas de violência em nossa casa, quando ainda não existia a Lei Maria da Penha. Esse momento tem valor porque mostra  o resultado da  luta das mulheres para que participassem efetivamente da política. Hoje, não é um escândalo a mulher participar da política, mas sim, a prova  de que a mulher está pronta para isso, e que ela deve ocupar espaço no poder.



Há algum diferencial na conduta de uma mulher à frente da CL e na de um homem no comando da Casa? Qual?

Não vejo diferença na capacidade intelectual de ambos, mas somos mais sensíveis. A mulher é mais emotiva, mais sensível, características da mulher. É isso que a diferencia do homem. Isso é bom, traz um toque feminino. 

Quem a senhora acha que tem mais pulso nessa função, o homem ou a mulher?

São iguais. Entretanto, as pessoas fazem uma brincadeira preconceituosa. Dizem que o único homem da Câmara Legislativa é a deputada Celina Leão, como se a coragem  fosse uma característica masculina. Não é verdade. Sou uma mulher de pulso forte e não  me vejo nem à frente e nem abaixo de nenhum homem. Nesse requisito tenho coragem suficiente para tocar os trabalhos.



Como a senhora vê a evolução da mulher em ser aceita para conduzir cargos que antes só eram ocupados por homens?



Acho que é uma evolução e que precisamos mudar muita coisa. Por exemplo a cultura e a forma de criação da mulher ainda é muito diferenciada. Os pais criam a mulher diferente do homem e é uma coisa que a gente precisa mudar, que é o  preconceito familiar. Há mulheres que não votam em mulheres. Isso é ruim, é preciso derrubar esse tabu. E com as mulheres no poder, esperamos que  outras se espelhem naquele modelo. Ela deve pensar que se ela votar na candidata e que se esta for eleita , ela poderá representá-la.



A senhora concorda com a comemoração do Dia Internacional da Mulher?

Sim, porque é um dia de comemorar lutas e ver até onde chegamos. A luta da mulher é mundial. Há países em que a mulher não tem direitos. Esse dia é um dia  de marcar as conquistas e rever e olhar o  horizonte. 

A senhora é a favor da igualdade entre homens e mulheres? 

Sim, claro! Acho que essa é uma meta e precisa de ser vivenciada  com muitas mulheres no parlamento. 

Que avanços a senhora vê na política com o crescimento de mulheres em cargos no Legislativo? 

Acho que é esse olhar de cuidar das políticas públicas, e de entender a família. A nossa evolução para a política não tira as nossas responsabilidades de ser mãe, de ser dona de casa, esposa, essa capacidade de administrar tudo ao mesmo tempo, conseguimos levar isso para a política também.

Uma das propostas que faz parte da reforma política é o Projeto de Lei do Senado nº 295/2011, que eleva o percentual de vagas para mulheres nas eleições proporcionais. A senhora concorda ou acha que já deveria existir, e não depender da reforma em questão?

Temos de garantir, sim, em lei, mas  a reforma política tem de ser verdadeira e não disfarçada. Porque temos hoje uma cota de 30% exclusiva para mulheres, mas é uma cota de inscrição  que não garante a eleição dessas mulheres. Então  acho que a reforma política tem de ser feita para priorizar que mais mulheres tenham mandato. A cota mínima tem de ser obedecida e que as mulheres mais bem votadas assumam a cota destinada a elas. Esse é o entendimento que tenho, porque acredito que não só se garantem as cotas, mas garantir as vagas para as mulheres. A reforma política só é válida quando ela garantir as vagas. Vamos  garantir no parlamento que as mais votadas ocupem essas vagas. 

A senhora apresentou alguma proposição que atenda a (s) demanda  (s) das mulheres?

Tenho vários projetos de lei que garantem a escolha da mulher em várias áreas  e a ampliação dos seus direitos. Nesta semana dedicada à mulher, pedimos à Assessoria Legislativa que selecionasse as propostas relativas às mulheres para que possamos dar parecer em plenário, em bloco, de pelo  menos algumas leis que ampliem os direitos da mulher.


Fonte: Jornal da Comunidade

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