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segunda-feira, 20 de junho de 2011

PT nacional manda Agnelo demitir delator

Mentor de dossiê contra tucano arma barraco no Buriti e faz chantagem emocional para garantir o cargo

O governador Agnelo Queiroz está entre a cruz e a espada. Ou demite Expedito Veloso, secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, ou perde o restinho de apreço que ainda lhe resta de parte do PT nacional.

A cabeça de Expedito, defenestrado do Banco do Brasil há cinco anos, onde era diretor, e acusado de alcaguete por ex-aliados, foi pedida por Aloízio Mercadante, ministro de Ciência e Tecnologia, mentor, segundo o assessor de Agnelo, do dossiê apócrifo contra o tucano José Serra, na campanha pela prefeitura de São Paulo em 2006.

O ainda secretátio-adjunto dedurou Mercadante em entrevista à edição desta semana da revista Veja. Mas agora ele tenta minimizar as acusações, ao sustentar que se tratou apenas de um "desabafo dirigido a colegas de partido".

Desabafo ou não, a verdade, segundo Expedito Veloso, é que Mercadante e o PT apostavam que a estratégia de envolver Serra em um escândalo lhes garantiria os votos necessários para vencer as eleições.

O dossiê, segundo Expedito, foi financiada por dinheiro de caixa dois da campanha petista e contou com apoio financeiro de Quércia. "Os dois (Mercadante e Quércia) fizeram essa parceria, inclusive financeira", revelou a Veja. Tratava-se de um pacto. "Em caso de vitória do PT, ele (Quércia) ficaria com um naco do governo", disse.

O ministro Aloízio Mercadante tem evitado comentar o episódio desde que a revista chegou às bancas. Mas disparou uma série de telefonemas a interlocutores supostamente poderosos. Ele cobra a demissão de Expedito, por entender que o PT não tem lugar para delatores.

Entretanto, com o now how adquirido em 2006, Expedito seria possuidor de documentos que, se tornados públicos, representariam uma nova Caixa de Pandora. Pode até ser demitido, mas promete levar muita gente com ele. A começar pelo próprio governador Agnelo Queiroz.

Nota da Redação

Após a edição do texto acima, Aloízio Mercadante divulgou a seguinte nota à Imprensa:


A revista Veja publicou na sua última edição, de 22 de junho, matéria na qual sou alvo de falsas insinuações que me levaram a divulgar esta nota pública, voltada para a sociedade brasileira e, em especial, para toda a comunidade de pesquisadores, cientistas e agentes da inovação. Ao tentar envolver meu nome em uma suposta trama que teria ocorrido há cinco anos, quando fui candidato ao governo de São Paulo, a matéria agride valores essenciais ao Estado democrático de Direito.

Em primeiro lugar, porque um dos principais personagens citados, de quem democraticamente divergi durante toda a minha vida política - inclusive nas últimas eleições - faleceu recentemente e, por isso mesmo, não pode mais ser ouvido. Em segundo lugar, a matéria não informou que estas ilações já haviam sido mencionadas à época e que o ex-Procurador Geral da República, Antonio Fernandes de Souza, reconhecido pelo rigor de seus pareceres, pronunciou-se de modo inequívoco e isentou-me de qualquer envolvimento na suposta operação.

A revista também não mencionou que, por unanimidade, a instância máxima da Justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal, inocentou-me completamente do episódio. Não poderia deixar de reafirmar à sociedade brasileira meu apego ao Estado de Direito, às regras da democracia e o respeito aos direitos e garantias individuais. Essa foi e continuará sendo a marca de meu caráter. As falhas de informação e as opiniões marcadamente distorcidas não mudarão minha atuação à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia, nem diminuirão o esforço que desenvolvemos para assegurar a mais ampla liberdade de imprensa e a transparência como valor essencial da vida pública.

Aloizio Mercadante

Ministro da Ciência e Tecnologia

Fonte: Blog do José Seabra

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